ONCOCERCÍASE


Definição

A Oncocercíase é uma doença parasitária crônica causada por um nematódeo, caracterizada pelo aparecimento de nódulos subcutâneos fibrosos, sobre superfícies ósseas dos ombros, membros inferiores, cabeça e pelve. Dentro desses nódulos indolores e móveis se encontram os vermes adultos. A doença  incide principalmente na pele e nos olhos, causando lesões graves.

A Oncocercíase ocorre principalmente em locais de proximidade dos rios e afluentes, porque nos rios é que se desenvolve o ciclo da larva do vetor.  A Oncocercíase é uma doença endêmica em alguns países da África, América Central, Oriente médio, países da América do Sul e entre eles o Brasil.

Sinonímia

É uma doença também conhecida pelos seguintes nomes:

Incidência

Agente etiológico

É um nematódeo do gênero Onchocerca; família Dipetalonematidae; subfamília Onchocercinae; espécies Onchocerca volvulus (africana) e Onchocerca coecutiens (ameeicana). No Brasil, a espécie Onchocerca volvulus é a mais encontrada.

Vetor

Os vetores da Oncocercíase são os dípteros do gênero Simulium (chamados de mosquitos borrachudos); família Simulidae;  vivem perto dos rios de água corrente.  Na América do Sul, principalmente no Brasil existem as seguintes espécies desses mosquitos:  S. metallicum; S. sanguineum / amazonicum; S. quadrivittatum.

Os  mosquitos  picam  no exterior durante o dia, próximo das margens dos rios, tendo um largo raio de ação e dispersão ao longo das mesmas. Não picam nas habitações, nem de noite, e têm maior longevidade nas zonas de florestas. 

Reservatório

O homem.

Hospedeiro

O homem é o hospedeiro definitivo.

Patogenia

A persistência de microfilárias nos tecidos por longo tempo ocasiona  sinais inflamatórios crônicos do tegumento, na córnea ou nos gânglios linfáticos, com infiltração de plasmócitos e linfócitos, que pode ser acompanhada de discreta neoformação vascular e proliferação conjuntiva. As microfilárias são mais abundantes nas áreas em redor dos nódulos, encontrando-se nas papilas dérmicas abaixo da camada germinativa da epiderme e partes profundas do cório. 

A lesão mais precoce é a diminuição  das fibras elásticas subepidérmicas, que progride até sua desaparição levando a atrofia, espessamento e despigmentação da pele, proporcional à intensidade da infestação, havendo aumento do tecido colágeno.

As alterações são mais marcadas depois da morte das microfilárias, encontrando-se granulomas focais na superfície da derme, linfedema e alterações vasculares (oclusão e transformação fibrosa). As microfilárias atingem o olho através da junção corneoscleral ou pela circulação, encontrando-se ainda na bainha do nervo óptico.

Período de incubação

É uma das doenças parasitárias com um período de incubação dos mais longos, sendo calculado em cerca de um ano, tendo uma média de 7 meses na maioria dos casos. Casos raros, podem ter um período mais longo de até 24 meses.

Período de transmissibilidade

No homem, as filárias permanecem vivas por 10 a 15 anos, nos casos não tratados. Durante todos esses anos os vetores ao picarem o portador,  podem se infectar e continuar o ciclo evolutivo.

Transmissão

Através da picada dos vetores do gênero Simulium.

Não existe transmissão inter-humana.

Sinais e sintomas

Os sinais clínicos comuns da Oncocercíase são a presença de nódulos subcutâneos, as alterações da pele e as lesões oculares. A gravidade da doença ocorre pela contagem de nódulos e sua localização próximo da cabeça e pelo número de microfilárias em retalhos cutâneos (alta densidade quando maior que 25 microfilárias/mg) e   quando se encontram-se nos olhos. As filárias também podem ser encontradas na urina, quando a infestação é grande.

Características dos nódulos:

Manifestações cutâneas:

Ocorre estase linfática, traduzida por linfedema, hipertrofia ganglionar indolor, adenolinfocele, hidrocele e elefantíase. A adenopatia inguinal está correlacionada com a intensidade da infestação e acompanha-se de linfedema ligeiro dos membros inferiores e, em conexão com a atrofia da pele, origina virilha pendente.

Manifestações oculares

As lesões oculares são as manifestações clínicas mais graves  da doença, que inclusive pode causar cegueira. Os sintomas oculares manifestam-se geralmente alguns anos depois da infestação, sendo mais raros nos indivíduos recentemente chegados a zonas endêmicas. São fatores predisponentes além da antiguidade da infestação, a presença de nódulos da parte superior do corpo e na cabeça, a maior densidade de microfilárias na pele e a carência de proteínas de vitamina A. As lesões podem ser de dois tipos, conforme a localização: as da parte anterior e as da parte posterior do olho.

Diagnóstico

Obs:  Excepcionalmente as microfilárias podem ser encontradas nos linfáticos, na camada profunda da pele, nos órgãos internos, inclusive no sistema nervoso. Pode-se também encontrar  vermes adultos fora dos nódulos e não encapsulados, entre os músculos e na proximidade dos ossos e articulação.

Diagnóstico diferencial

O diagnóstico diferencial deve se feito para que a Oncocercíase não seja confundida com outras patologias com quadro clínico semelhante. Através dos exames clínico, físico, laboratoriais e estudos radiológicos o médico pode excluir essas doenças, até chegar ao diagnóstico correto. As doenças  que podem ser confundidas com a Oncocercíase são as seguintes:

Lesões cutâneas.

Lesões oculares:

Tratamento

O tratamento da Oncocercíase deve ser misto, empregando-se medicação antiparasitária contra as microfilárias, seguida da administração de macrofilaricida para mata os vermes adultos.

Complicações

Seqüelas

Prevenção

Na profilaxia da Oncocercíase são válidas as técnicas empregadas para a prevenção das afecções transmitidas por artrópodes, segundo as diretrizes indicadas para a profilaxia da Filaríase linfática.

medidas sanitárias:

medidas individuais:


Dúvidas de termos técnicos e expressões, consulte o Glossário geral.