TRIQUINÍASE
Definição
A Triquiníase é uma parasitose que não é exclusiva do homem, já que também afeta outras espécies animais, como por exemplo o porco e o rato. Apresenta a particularidade de que todo o seu ciclo biológico transcorre no organismo de um mesmo hospedeiro, sem sair ao meio externo em nenhuma etapa de sua existência. É causada por um verme nematóide. Tem início e evolução aguda, caracterizando-se por febre, mialgias (dores musculares), fenômenos urticariformes, sintomas gastrintestinais e eosinofilia.
Sinonímia
É uma doença conhecida também pelos seguintes nomes:
Triquinose.
Triquinelose.
Incidência
Ocorre em países que consomem carne de porco ou produtos derivados dessa carne.
Tem maior incidência em regiões de clima temperado.
A maioria dos casos ocorrem em microepidemias.
Agente etiológico
Parasita Trichinella spiralis: parasita de pequeno tamanho, cujo corpo é afilado na parte anterior e largo no setor posterior.
Características do verme
O verme nematóide é de cor branca, cilíndrico e visível a olho nu.
O macho adulto mede aproximadamente 1,5mm de comprimento; a fêmea mede 3 a 4 mm de comprimento e é mais larga que o macho.
Uma única fêmea é capaz de produzir cerca de 1.500 larvas no período que parasita o homem (um a quatro meses).
Reservatório
O reservatório mais importante é o porco. Este se infecta ao ingerir carne infectada de outros porcos ou de ratos infectados.
Ciclo vital
A larva encistada no interior do tecido muscular do porco é ingerida pelo homem e se libera ao nível do intestino delgado do novo hospedeiro, onde atravessa o epitélio duodenal em poucos dias. Uma semana após, as fêmeas já são férteis e iniciam a produção de larvas que ganham os linfáticos ou as veias mesentéricas e, destas a circulação geral. Após breve período de permanência no sangue, elas invadem os tecidos ou cavidades do corpo, podendo a seguir retornar à circulação.
Aquelas que atingem os músculos estriados se encistam. Os músculos mais atingidos são os contêm pouco glicogênio (diafragma, intercostais, músculos do pescoço e membros). Uma vez encistada (cisto de triquina), a larva necessita de 16 dias para se desenvolver completamente e se tornar infectante, As larvas que não se encistam são destruídas. Os cistos se calcificam após alguns meses (seis a nove). Toda a evolução decorre diretamente no mesmo hospedeiro, por isto é possível encontrar neste, as três formas parasitárias: larva, embrião e parasita adulto.
Patogenia
O estudo da patogenia tem por objetivo mostrar as lesões que as larvas podem provocar no organismo humano.
As larvas destroem as fibras dos músculos estriados ao penetrarem nesses tecidos. Ima vez no interior dos músculos, as larvas se encistam e crescem rapidamente, lesando os tecidos adjacentes e causando por mecanismo alérgico, inflamação e necrose muscular. O miocárdio pode ser lesado pelas larvas. No SNC (Sistema Nervoso Central) pode haver edema cerebral intenso, trombose de veias corticais e hemorragias. Os pulmões podem ser comprometidos por reações alérgicas granulomatosas.
Transmissão
Transmissão passiva:
Ocorre quando o homem ingere carne de porco mal cozida ou crua infectada, os cistos se encontram nos músculos do porco contaminado.
Sinais e sintomas
A freqüência de sinais e sintomas que surgem após a infecção, correm paralelamente à evolução biológica do parasita no hospedeiro. Tem início e evolução aguda, logo após 24 horas da ingestão das larvas surgem as seguintes manifestações clínicas:
Período prodrômico:
mal-estar geral;
cólicas abdominais;
diarréia;
febre discreta que vai progredindo;
náuseas;
vômitos.
Fase da invasão muscular:
Essa fase ocorre quando as larvas geradas no organismo do novo hospedeiro iniciam a invasão dos músculos em média 15 dias após a ingestão das larvas contidas na carne de porco:
edema periorbitário ou facial;
hemorragia subconjuntival ou retiniana;
dor ao movimento do olho;
mialgia generalizada;
sensibilidade nos músculos afeetados.
astenia;
disfagia;
dificuldade ao respirar.
urticária;
febre (38°C a 39°C)
Após 45 dias em média de evolução da doença pode surgir as manifestações clínicas mais graves da doença:
irregularidades cardíacas (ocasionais): devido à presença de larvas no músculo cardíaco.
sintomas neurológicos.
pode acentuar-se a toxemia, surgir a pneumonia ou insuficiência cardíaca.
Obs: Há relatos documentados de casos de triquiníase aguda, maciçamente disseminada e fatal, em pacientes imunossuprimidos. Na gravidez a doença tem uma evolução grave quando incide no último trimestre gestacional.
Diagnóstico
Anamnese.
Exame físico.
Exame clínico.
Exames laboratoriais.
Testes sorológicos (ELISA)
Biópsia dos músculos suspeitos pode revelar a presença de larvas.
Teste cutâneo positivo.
ECG - Eletrocardiograma.
Obs: Quando há comprometimento muscular, várias enzimas se elevam (TGO, CPK, DHL, HBDH). Quando a infestação é maciça , as larvas podem ser detectadas no exame de sangue.
Tratamento
Objetivo: Erradicação da parasitose através de medicamentos que matem os vermes e suas larvas.
Específico: existem vários compostos imidazólicos ativos contra formas imaturas do verme. Quando os parasitas atingiram os músculos é mais difícil a ação do tratamento medicamentoso.
A medicação pode provocar uma melhora clínica e evitar ou minimizar os efeitos da doença.
Repouso no leito é recomendado até o paciente apresentar algum alívio dos sintomas.
Analgésicos para aliviar as mialgias são indicados sob prescrição médica.
Corticosteróides podem ser indicados para aliviar os sintomas da fase aguda, e quando ocorrem a disseminação larvária com presença de: sintomas urticariformes, miocardite, encefalite e toxemia.
Complicações
Pneumonia.
Insuficiência Cardíaca.
Miocardite.
Encefalite.
Profilaxia
Objetivo: Basicamente está na erradicação da doença humana, com medidas capazes de controlar a infecção dos suínos, e com isso evitar a infecção do homem.
medidas sanitárias:
Inspeção sanitária rigorosa das carnes para consumo.
Inspeção veterinária obrigatória dos porcos sacrificados.
Inspeção sanitária rigorosa dos locais de abatedouros de animais por parte das Autoridades Sanitárias.
Inspeção dos locais de distribuição e armazenamento da carne para consumo por parte das Autoridades Sanitárias.
Educação sanitária à população, principalmente ensinando que consumir carne crua ou mal-cozida pode significar a infestação do indivíduo.
Combate aos ratos tem importância na interrupção da cadeia epidemiológica.
As indústrias alimentícias que trabalham com carne suína, devem fazer exames microscópico de amostras de carne suína para detectar lotes infectados.
Congelamento da carne suína (-30° durante 24 horas) mata as larvas de T. spirallis.
Saneamento básico eficiente.
Evitar a criação de porcos soltos.
medidas gerais:
Consumir carne suína bem como seus derivados, bem cozidas.
Deve-se de preferência retirar os focos de gordura da carne de porco antes de cozinhar.
Deve-se evitar comprar carnes frescas vendidas em feira ou na zona rural sem saber a procedência da mesma.
Não se deve evacuar no chão, além de ser um péssimo hábito de higiene pode ajudar a disseminação da doença.
Não comer carne de porco, quando ao cortá-la ela apresentar vermelhidão, isso indica que a carne não está bem cozida.
Os produtos derivados de porco devem ser bem cozidos.
Ingerir água potável e filtrada.
Dúvidas de termos técnicos e expressões, consulte o Glossário geral.